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quarta-feira, 16 de junho de 2010

2010 - Inércia - Decência (via Edital)

 
Dias melhores virão. Saiu, finalmente, o edital para a concessão das linhas de ônibus da Cidade do Rio de Janeiro, no escopo de um trabalho que reorganizará a bagunça que se tornou o emaranhado de itinerários e a profusão da frota. A prefeitura chamou de volta a si – sinceramente, custa-me crer que estava prestes a concedê-la aos pretensos operadores – a prerrogativa, sua e indelegável, ao meu ver, de estruturar o sistema como um todo.

A expectativa é de que desapareçam coletivos na Zona Sul, de boa oferta de transporte, e que sejam alocados outros mais na Zona Oeste, que possui maior área geográfica e operação flagrantemente deficiente. Também é esperada a tão sonhada melhoria no padrão da frota, com veículos com suspensão pneumática, motor traseiro, câmbio automático e direção hidráulica. Ônibus, enfim. Climatização ainda não será um requisito para todos e tração elétrica, lamentavelmente, parece ter sido considerado um aspecto menos importante.

Até o final deste ano, também, deverá ser implantado o bilhete único modal de R$ 2,40 (a tarifa padrão hoje é de R$ 2,35), com a qual se poderá cambiar de ônibus num intervalo de duas horas sem o pagamento de nova passagem. Esta grata e justa novidade deverá mudar a matriz de deslocamentos na cidade, ou seja, os padrões de viagem adotados pelos passageiros. Isto porque, não necessitando pagar uma segunda vez para trocar de condução, o usuário poderá reavaliar seus percursos, valendo-se de opções hoje impeditivas pela dupla tarifa e, com isto, influir na ocupação dos veículos por toda a cidade, norteando a reordenação.

Os donos de empresas de ônibus já tentaram, no passado, duas manobras para evitar que se mudasse o status quo do sistema tal como é ainda hoje. Primeiro, tentaram postergar as permissões, que são autorizações precárias de operação, por mais 40 anos, através da Cãmara Municipal. Depois, interpuseram medidas judiciais para retardar o lançamento desse edital, alegando falhas na sua estruturação. A estratégia, agora, é sensibilizar a Justiça na intenção de que as empresas sejam indenizadas pela prefeitura pelos investimentos já realizados, no caso de se verem excluídas da futura realidade operacional da cidade.

O lançamento do edital é ponto para o Poder Público, que se manteve firme na defesa do interesse da sociedade, zelando pela lisura que a delegação da atividade do transporte público deve ter.

E que bom, que tivemos a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 como indutores.


Boas Tardes!

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ConCidadão
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