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sábado, 12 de maio de 2012

Maconh'eu ia dizendo...


Deu no jornal argentino La Nacion, esta semana, com resumo reproduzido na coluna eletrônica - denominada ex-blog - do ex-prefeito carioca, Cesar Maia. Uma reflexão tão necessária quanto urgente, sobre a responsabilidade e as consequências do exercício da liberdade.

O titular de Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Complutense de Madrid, professor Juan Carlos Leza Cerro, aborda em matéria do periódico os efeitos da Cannabis sativa no corpo humano. Popular desde a década de 1950 entre os jovens, a maconha tem sido cada vez mais tolerada no seio da sociedade, por ser considerada uma droga 'menor', que propiciaria um bem-estar sem riscos para a saúde. Um número considerável de pessoas, em todo o mundo, admite ter experimentado, ao menos uma vez, um 'baseado', na crença de vivenciar momentos de um tipo diferenciado de prazer.

Normalmente, quando comparada com outras drogas, a maconha de fato causa menor dependência física, desde que utilizada em doses pequenas e esporádicas. Quando o consumo é maior e se prolonga ao longo do tempo, contudo, pode provocar sintomas como inquietação, irritabilidade, agitação, anorexia, insônia e tremores, muitas vezes acompanhados por náuseas.

A dependência em relação à maconha, que é fundamentalmente psicológica, costuma ser alta, o que dificulta o abandono do vício. Para o Professor Juan Carlos, de acordo com pesquisas realizadas na universidade, o consumo da maconha de forma constante - ou o seu abuso - pode levar a diversas complicações clínicas nas pessoas, atingindo o sistema cardiovascular com pressão sanguínea elevada, acompanhada de taquicardia grave; o que, conforme o caso, pode ser fatal. Com relação ao sistema respiratório, diferentes substâncias presentes na maconha produzem broncodilatação, mas este efeito é muitas vezes mascarado em irritações como a laringite, traqueíte e bronquite. O sistema digestivo é atingido por diarreia e irritação intestinal.

E o 'barato' da coisa? Os efeitos psicológicos se iniciam logo após o consumo e duram entre 60 e 90 minutos. Começa com um período de excitação, uma sensação de bem-estar e euforia. A percepção do tempo é alterada, assim como ficam prejudicadas a audição e a visão, especialmente a distinção de cores. Também não é raro que aconteça uma forte crise de riso, vontade de falar sem parar e demonstrações de megalomania. Além disso, o indivíduo pode vir a sofrer um ataque de bulimia, além de alterações severas da memória.

Só isso. Aliás, só, não: faltou lembrar que todo usuário de coisa mais pesada - como cocaína, crack, ecstasy etc. - confessa que começou nas drogas pelo 'baseado'. A maconha é, indiscutivelmente, a porta de entrada para esse mundo.

Muito interessante, em particular a 'viagem' que interessa aos aficionados (ou serão tecnicamente viciados, mesmo?) do cigarrinho marrom, mas o especialista encerra enfatizando, em tom de alerta: 'isso é só o começo'. Frase que decerto não sugere a ideia de que 'o melhor esteja por vir'.

Com a palavra, então, os defensores da liberação, que travestem sua real intenção de consumo 'recreativo' de carona no argumento - esperto - do uso terapêutico da erva na mitigação das dores de doentes terminais (liberar 'para eles'). E os ativistas, na verdade perturbadores da ordem pública, escondidos sob máscaras em ruidosas - e fedorentas - passeatas, país afora.

E ainda - impossível esquecê-la - a nossa corte máxima, o Supremo Tribunal Federal, que habita o distante mundo de fantasia do Planalto Central, absolutamente desconectado da realidade, para quem a insistente campanha dos 'maconhistas' não caracteriza, de forma alguma, apologia ao uso de drogas - que é crime. É meramente, de acordo com nossos togados amigos, uma manifestação de liberdade de expressão, protegida pela Carta Magna.

(Ah, vejo elefantes cor-de-rosa daqui da minha janela, neste momento...)


Boas Tardes!

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ConCidadão
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