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sexta-feira, 28 de maio de 2021

Um novo tipo de negócio desponta na Baixada

O brasileiro precisa ser estudado pela NASA. Essa referência satírica costuma aparecer nas redes sociais por conta de coisas estranhas ou até extraordinárias de que certas pessoas são capazes. Que podem ter seu lado prático e, por que não, empreendedor.

Por algumas vezes, notei um rapaz aparentemente expondo banquetas de plástico numa calçada da região central de Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, em frente à agência do Banco do Brasil. Pensei na hipótese de que as peças estivessem à venda, mas, da última vez que passei por ali, parei para analisar a situação. O cara estava na verdade vendendo assento. Isso mesmo: lugar sentado na fila de pré-atendimento, ainda na rua.

Com a diminuição do período de funcionamento das agências bancárias em duas horas por dia, uma das idiotices implantadas na pandemência, pessoas que precisam resolver assuntos nas dependências do banco têm passado longos intervalos ao tempo, sob sol e chuva, aguardando a sua vez de entrar. A fila, no total, pode durar três horas até o atendimento em si, ficando o cliente boa parte desse tempo do lado de fora, sem o conforto do ambiente refrigerado que dispõe de lugar sentado para se aguardar.

Pessoas de idade ou com alguma indisposição ou problema de saúde são quem mais demanda esse serviço, que é oferecido desde a chegada dos primeiros a formarem a fila, até a entrada do último freguês.

O rapaz descobriu um meio alternativo de faturar, sem dúvida. Nada contra. Mas tudo contra o banco, que deveria prover rotinas mais eficientes e rápidas de atenção aos clientes. Dentre elas, inclusive, rever a cretinice da diminuição do horário de atendimento.

sábado, 15 de maio de 2021

Masculino e feminino. E só

O Ministério da Educação da França divulgou, por meio de um comunicado, que está acabando com a bobagem da 'linguagem de gênero neutro'. Alguns idiomas, como o Alemão, possuem essa distinção em sua gramática, mas não é o caso do Francês. Como também não é o do Português. Trata-se de invencionice pura, 'sem respaldo científico', para usar a expressão esquerdóide da moda.

Uma das alegações do governo francês para coibir essa tal pretensa 'escrita inclusiva' é a de que ela é prejudicial à prática e à inteligibilidade da língua francesa. Os defensores e promotores da novidade, nas palavras de membros destacados da Academia Francesa (equivalente à nossa ABL, a Academia Brasileira de Letras), violam o desenvolvimento da linguagem de forma arbitrária e descoordenada.

Ainda de acordo com o documento, na França a igualdade entre homens e mulheres deve ser construída, promovida e garantida sem sujeição à linguagem neutra.

Um bom exemplo a seguirmos, no Brasil. Fica a sugestão.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Alguém errei, não sei quem fui

O CDC (Centers for Disease Control and Prevention, em Português Centros de Controle e Prevenção de Doenças), equivalente norte-americano à nossa Vigilância Sanitária, cuja função é a proteção da saúde pública e da segurança da população, especialmente com relação à prevenção e ao controle de moléstias, andou errando feio nas contas. Ou tomando decisões com base nas contas de outros, que as fizeram errado. Verdade que contas não são de fato a praia da turma de Ciências Biológicas e que o pessoal das Exatas, como nós, Engenheiros, são melhores e mais confiáveis nisso. Mas, vamos ao problema.

O jornal The New York Times publicou que os CDCs declararam uma chance de 10% de transmissão do vírus chinês ao ar livre, quando, na verdade, a probabilidade é dez vezes menor, de somente 1%. Foi com base no cálculo errôneo que foram tornadas legais medidas de constrangimento, como, por exemplo, a imposição do uso de máscaras em ambientes externos, ao ar livre, para 300 milhões de pessoas, nos Estados Unidos. Surpreende que um 'erro de cálculo' dessa proporção, tão importante quanto controverso, na seara da Saúde Pública, jamais tenha sido questionado - ou que não tenha havido qualquer reavaliação posterior a essa trágica descoberta.

De acordo com a reportagem, 'não há uma única infecção por covid documentada em qualquer lugar do mundo, decorrente de interações casuais ao ar livre, como passar por alguém na rua ou comer em uma mesa próxima'. Ainda assim, em cidades como Chicago, parques foram fechados, ampliando o isolamento e a depressão para os cidadãos. Várias cidades como Nova Iorque fecharam playgrounds, apesar de serem ao ar livre e usados ​​pela população, lugares de baixo risco para a peste chinesa. Os estados fecharam parques e trilhas, que poderiam ter sido justamente as principais áreas de liberação para as pessoas, durante os bloqueios.

Ou seja, em decisões atabalhoadas, tudo errado. Mas tudo 'respaldado pela ciência', é claro. A tal referência de 10% foi baseada em uma classificação incorreta da transmissibilidade do vírus em Cingapura, tomando por referência, entre outros locais, canteiros de obras, classificados erroneamente como uma mistura de ambientes externos e internos.

A percepção é a de que foi gasto muito dinheiro e esforço de pesquisa na questão da obrigatoriedade de uso de máscaras e da restrição de movimentos externos, sem que se investisse concomitantemente em estudos que permitissem uma avaliação melhor da questão da presença do vírus ao ar livre. Com isso, a Economia foi afetada e esse impacto, por sua vez, atingiu centenas de milhões de americanos. Ainda assim, as falhas - relativas a suposições e cálculos - do artigo científico, divulgado em jornal de respeitabilidade consagrada, somente agora foram tornadas públicas e levadas em consideração.

Errar por dez vezes é como atribuir a mim a metade do peso de um automóvel. Um erro considerável, por mais que a balança me seja cruel. Não se pode cometer erros dessa magnitude, especialmente quando se trata do bem-estar de todos. O medo da morte parece estar enlouquecendo ou idiotizando as pessoas, que se veem obrigadas (ou o fazem por indução da mídia a serviço do caos) a atitudes completamente fora de um mínimo de razoabilidade.

A galera da Biologia deveria pensar em deixar as contas para a Engenharia ou a Matemática. Cada um no seu quadrado, pelo visto, é mais prudente. Alô, OMS, tome vergonha!

Senhor, tende piedade de nós!

'Irmãos, saudemo-nos uns aos outros em Cristo!'

Esse cumprimento, logo antes da comunhão, durante a celebração da missa, é comumente feito com um aceno de mão, não com contato físico - a menos no caso de pessoas de um mesmo grupo que estejam juntas, mas, ainda assim, nada efusivo. Por que se suprimiu isso da liturgia desde um ano atrás?

Proximidade e contato existem quando, em seguida, vai-se à comunhão: a hóstia é entregue na mão do fiel.

Então, qual é o critério? Seria o de tolher, nas pequenas atitudes, as manifestações de fé? Como a Igreja Católica não se opôs a isso e, ao contrário, adotou como norma?

Se bem que um papa comunista, simpatizante da - ou tolerante para com a - nova ordem mundial, explicaria isso e até muito mais...

A Abolição passada em branco

A Gazeta de Notícias informa, em sua edição de segunda-feira, 14 de maio de 1888, em destaque, na primeira página. Fato histórico reverenciado por décadas pelas pessoas que prezam a liberdade, a solidariedade e, sobretudo, o respeito pelo semelhante.



Contudo, mais uma vez, desde a ascensão da esquerda no Brasil, o aniversário da Lei Áurea foi premeditadamente esquecido, justo por aqueles que se dizem defensores dos compatriotas que viveram sob o perverso jugo da escravidão. O dito 'movimento negro' tem tentado desconstruir a imagem da Princesa Isabel como sendo a verdadeira responsável por colocar fim à exploração do homem pelo homem, da forma como vigorou por séculos, no país. A narrativa dos grupos ligados a essa causa tenta contrapor Zumbi dos Palmares quase como um semideus, fiel depositário da devoção dos negros como patrono de sua liberdade. Um ledo engano em relação a ele e uma injustiça sem precedentes para com ela.

Nossa sorte é que a História é documentada e, graças a isso, resiste ao revisionismo inconsequente. Ainda que devamos temer a doutrinação daqueles que têm - e terão - por função ajudar a preservá-la, aos quais se oferece - ou se impõe - a tentação de fraudar os fatos.

Zumbi tinha escravos a lhe servir, enquanto a Família Imperial tinha os negros que trabalhavam para si como empregados, que recebiam salário e tinham tratamento digno. A própria filha do Imperador cuidava de arregimentar fundos para a compra de cartas de alforria. E o evento de 13 de maio de 1888 tem menos a ver com uma suposta pressão dos ingleses para a abolição (e, ainda assim, não porque prezassem os direitos dos escravos, mas porque tinham necessidade de tê-los com renda para criar mercado consumidor), do que com a disposição da Corte de, gradativamente, encerrar o deplorável capítulo da escravatura.

Se falhas houve nesse processo, que o possam ter tornado longo demais, mérito também houve, da parte dos que empreenderam esforços e recursos para que a escravidão acabasse. E é ele que deve prevalecer, no julgamento histórico que se faz com um mínimo de bom senso e boa vontade.

O título que dei ao texto foi um jogo de palavras calculado. Os incitadores da revolta permanente de negros contra as outras etnias, em especial os brancos, descendentes de europeus, gostam muito de marcar adjetivos que aludam a preto ou negro como algo necessariamente demeritório à etnia negra. Ignorando aspectos como preto ser ausência de luz e, por isso mesmo, remeter a trevas, uma circunstância difícil que nos impede de enxergar.

Pois então aí está, para regozijo dos mimizentos, uma ocasião em que é o branco que é desmerecido: 'passar em branco' é o mesmo que não ser lembrado, ser ignorado, ser desprezado. É exatamente o que aqueles que se dizem solidários à causa negra vêm fazendo com uma pessoa que, desde o início de sua vida pública, no que lhe cabia, fez tanto por ela.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

O artista, a escola e a favela: semana tensa

Aconteça o que acontecer, hoje é sexta-feira! A frase, um bordão usado pelo repórter aéreo Genilson Araújo que, há anos, dá boletins de trânsito a bordo de um helicóptero, no Rio de Janeiro, faz-se especialmente indicada nesta semana atribulada que vivemos.

A notícia da terça-feira foi a perda do ator Paulo Gustavo, que tocou a nós pela violência da doença criada da China que vem semeando medo e morte em todo o planeta. Havia mais de um mês que acompanhávamos os boletins médicos que davam conta da progressiva degeneração de sua saúde. Sentimo-nos atingidos, pela falta que a sua presença vívida, quase familiar, já começou a fazer.

Mas a cena triste de 4 de maio não se restringiu a ele: no mesmo dia, mais cedo, um criminoso invadiu uma escola e matou cinco pessoas, dentre as quais três crianças, no oeste catarinense. A violência do ato da cidade de Saudades foi desprestigiada pela mídia, que preferiu dar atenção ao que acontecia num hospital de Copacabana, na cidade grande. Faço a minha mea culpa também, já que somente agora estou escrevendo a respeito.

É tão estranho quanto triste. É como se a violência urbana passasse despercebida, cruel e indevidamente incorporada ao cotidiano. Em 7 de abril de 2011, o Rio de Janeiro chocou-se com uma situação idêntica à da pequena cidade de Santa Catarina, quando um ensandecido matou doze pessoas e, logo depois, cometeu suicídio, numa escola pública de Realengo, bairro da Zona Oeste carioca. Claro que precisamos superar o trauma e seguir adiante, mas não se pode perder a capacidade de se emocionar com esses episódios, na justa proporção que eles demandam.

Aí, cabe a pergunta: será que uma pessoa qualificada técnica e psicologicamente, com autocontrole e treinada, que detivesse uma arma de fogo naquelas circunstâncias, não poderia ter evitado esses homicídios? Ou, indo mais adiante no argumento: se a posse de arma fosse permitida, será que o benefício da dúvida não teria dissuadido os homicidas a cometerem os crimes, justamente por temerem ser mortos por alguém armado, ao investirem contra os inocentes? Caramba, é preciso estancar o mimimi dos pacifistas com escolta, a galerinha do 'eu me armo de livros' e cair na realidade, enxergando a arma como um instrumento de defesa, não de ataque. Porque é bem provável que nem a mais pesada das enciclopédias atirada inteira sobre esses bandidos os fizesse parar.

O problema que o Brasil vive hoje não são as armas que poderiam vir a ser vendidas ao cidadão capacitado para tal, sob o controle da autoridade competente - em estrito respeito ao referendo de 2005. O que nos aflige a todos é a profusão de armas ilegais, roubadas e contrabandeadas, em sua maioria de grande poder de fogo, nas mãos da criminalidade. Essa é a verdadeira tragédia!

Veja-se o caso do terceiro evento grave da semana: a incursão policial na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira. O tráfico come mais solto do que nunca e os crimes campeiam livremente, desde que o 'iluministro' Edson Fachin, do STF, determinou (sim, eles determinam!) que a Polícia estava proibida de manter a Lei e a ordem, de modo específico, naquela terra de ninguém. Um Policial civil perdeu a vida, coisa que a sociedade lamenta profundamente, e mais de vinte marginais (tratados pelo eufemismo de 'suspeitos' pela mídia) foram eliminados, numa operação autorizada pelo Ministério Público - única exceção à norma ditada, admitida por nossas excelências excelentíssimas para se penetrar o território do tráfico. A investida rendeu, ainda, a apreensão de um arsenal assustador, que os traficantes tinham à sua disposição.

O detalhe interessante é que a Polícia encontrou documentação do MP sobre a realização da operação com os bandidos mortos, o que significa que houve conhecimento prévio da ação por parte dos criminosos, com a provável colaboração, mediante conivência, de alguém pertencente aos quadros do Ministério Público. Isso é inaceitável e gravíssimo! Cabe uma investigação rigorosa e uma punição não menos a quem tenha contribuído para isso, expondo a risco as vidas de Policiais e moradores.

Enfim, só nos resta rezar pelas almas dos que se foram (se quisermos nos ater apenas às Professoras, às crianças, ao ator Paulo Gustavo e ao Policial André Frias, acho que Papai do Céu não vai se importar) e torcer para um fim de semana tranquilo e dias vindouros mais calmos, que nos permitam tocar a vida de modo decente.

Apesar de tudo, Bom Dia!

terça-feira, 4 de maio de 2021

Adeus, Paulo Gustavo!

Um talento espetacular e promissor nos deixou prematuramente neste quatro de maio. Perdemos Paulo Gustavo. Perdemos Dona Hermínia e Valdomiro Lacerda. Perdemos o riso solto, os 'cacos' perfeitos, o improviso genial. Foi-se para sempre um precioso sopro de vida, que redemoinhava em torno de nós, rápido como as tiradas que ele criava em cena, com sua espontaneidade absoluta.

Você nos tirou o chão hoje, cara. A vida já anda chata, difícil, e agora não temos mais você para nos amparar e acalentar, com o seu humor.

Quantas vezes, vendo e revendo seus filmes, sua Hermínia e a tia Zélia me trazem o carinho do zelo e os frouxos de riso da minha saudosa mãe! Quantas lembranças dos tempos de adolescente e mais jovem me vêm à mente, com as situações retratadas no dia a dia da família que o seu brilhantismo trouxe para as telas! Quantas lições tiramos da vivacidade e do humor inteligente com que você nos brindou nessa jornada!

O paraíso deve estar precisando de um reforço na graça. E o diretor sabe em quem confiar para cumprir essa divina missão.

Ficamos órfãos do seu espírito leve. Que ele então voe fácil e o conduza mais rapidamente ao encontro do Pai, no céu.

Siga em Paz, Paulo Gustavo! Nossos aplausos. De pé.

domingo, 2 de maio de 2021

Em meio ao aparente caos urbano

A gente não pode perder o olhar de turista dentro de nossa própria cidade. Especialmente se essa cidade for o Rio de Janeiro, onde a beleza está à volta pedindo que seja admirada. Não precisa ser o panorama descortinado do Pão de Açúcar ou do Corcovado, nem precisa ser um desses morros ou o outro, as suas imagens em meio à Natureza que os cerca.

Basta, por exemplo, a percepção da singeleza de um trançado luxuoso de galhos por sobre o leito de uma rua.



Que belo 'túnel' este, formado pelas árvores que guarnecem e adornam as calçadas da Rua Visconde de Pirajá, em plena Ipanema. Na agitação do trânsito ou no entra e sai de gente das lojas da rua comercial mais chique da Zona Sul, quase não dá para se contemplar a imagem. Nem mesmo a sombra, tão convidativa, nos tempos de calor.

E só um feriado para permitir esse flagrante tão calmo.

Viajar de ônibus é a minha forma de exercer esse olhar. Tenho certeza de que é por isso que os trajetos não me cansam. Ao contrário: a cada novo caminho ou até um mesmo caminho, venho deixando aguçar o meu senso de beleza das coisas.