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domingo, 25 de fevereiro de 2018

Ô, de casa!


Ele está de volta, batendo às nossas portas para renovar o prazer da leitura de um bom periódico. Com toda a tradição quase ritualística que o papel e o formato standard requerem. É o Jornal do Brasil, que deixa a exclusividade do mundo digital, depois de ter sido o pioneiro nesse tipo de veiculação no país, para ganhar de novo as bancas. Na minha, próxima da minha casa, era o único exemplar que tinha sido entregue. Tinha também que ser o meu.

Desde bem jovem, fui habituado à leitura diária do JB. Rotina que eu cultivei mais intensamente após a adolescência. Dentre os jornais cariocas, sempre achei o jornal mais 'organizado', com uma distribuição lógica e uma diagramação impecável, que me conduziam àquilo que me interessava rapidamente.

Por sinal, a marca JB me capturou em outra seara, também: o rádio. Nessa época, eclodiu o sucesso da Rádio Cidade (102,9 MHz), a emissora do grupo que fez a cabeça da minha geração e é lembrada e cultuada até hoje como uma revolução no dial brasileiro. Pelo bom gosto musical, pela competência da equipe de produção e pelo carisma dos locutores, fazendo um estilo que deixa muita saudade. Uma revolução no ar, como tinha sido a revolução na rotativa, duas décadas antes.

Sem esquecer as rádios Jornal do Brasil, AM e FM, dois outros estilos marcados pelo equilíbrio perfeito de música e informação. Posso dizer que fui gratamente doutrinado pela beleza da grade musical da então JB-FM, ainda nos 99,7 MHz, que trazia a 'beautiful music' que não se encontra mais nas rádios, pela manhã e até o final da tarde, e os adoráveis clássicos que me embalaram o sono de muitas e muitas noites.

Sem dúvida alguma, aqueles anos 70 e 80 são de terna lembrança.

Mas, voltando ao jornal que volta hoje. Ótima ideia do convite às personalidades, para que escrevessem sobre o retorno do Jornal do Brasil. Um pouco do viés político-ideológico de cada um deles ficou registrado ali, como deve ser em um jornal cuja proposta é desvendar e dar voz a diferentes visões de mundo. Pessoalmente e por convicção, do grupo eu só excluiria o Lula, valendo-me do mesmo critério usado para deixar de fora Sérgio Cabral e Jorge Picciani, exposto em Nota da Redação na página 29. Afinal, o ex-presidente foi condenado em segunda instância e, de acordo com a Lei, já deveria estar preso; interpondo recursos, sim, mas no cumprimento da pena.

Notei, por fim, alguns perdoáveis deslizes, próprios de um reestreia, quando o frio na barriga prepondera. Uma linha de intervalo deixada de dar, ou a correção da sequência do raciocínio para essa mesma linha não feita, no primeiro parágrafo do editorial, na página 12. E a repetição do mesmo 'olho', nos artigos enviados por Eunício Oliveira e Roberto Saturnino Braga, respectivamente nas páginas 8 e 22. Mas absolutamente nada que tire o brilho da volta.

Salve, JB!