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domingo, 11 de dezembro de 2011

História adulterada

   
(carta enviada ao 'Fale conosco' do jornal O Globo, em 11 de dezembro de 2011)

Como torcedor do Flamengo, carioca e Profissional de Comunicação Social, acho repudiável a decisão do Globo de adulterar - esse é o termo - o conteúdo do encarte 'O Globo Esportivo' comemorativo da conquista do Mundial de Clubes de 1981, com o intuito de esconder a publicidade da época. O jornal, tal como foi editado, é um documento e a mudança pode ser inclusive tipificada como falsidade ideológica (tipo de fraude criminosa que consiste na adulteração de documento, público ou particular, com o fito de obter vantagem - para si ou para outrem - ou mesmo para prejudicar terceiro), definida pelo artigo 299 do Código Penal.

Muitas das propagandas veiculadas dizem respeito ao feito e ajudam a contar a história de uma época. Uma pena que a imprensa tenha passado a usar desse expediente, nesses tempos que se pretendem 'politicamente corretos'. Borram-se logomarcas de lojas e até etiquetas de roupas de entrevistados, a título de não fazer propaganda gratuita de uma determinada marca. Esse exagero vem atingindo os limites mais idiotas e contribuindo para a desacreditação do que o jornalismo informa.

Dá para lembrar a famosa frase de Luís Fernando Veríssimo, cunhada em outro contexto, mas que torna-se perfeita para ilustrar situações assim. 'Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data', pontificou nosso grande escritor.

E O Globo, o que faz como contribuição ao futuro: escreve a História conforme ela acontece de verdade, ou segundo seus interesses particulares, travestindo a defesa de seus pontos de vista como 'política editorial'?

 

Boas Tardes.

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ConCidadão
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