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sábado, 24 de setembro de 2011

Fracasso em alto e bom som: Fetranspor e Prefeitura desafinam geral no planejamento de mobilidade para o Rock in Rio

  
Os portadores de bilhetes de 'primeira classe', vendidos pela Fetranspor a R$ 35 (ida e volta) para transporte diferenciado à Cidade do Rock acusam a federação - que congrega os dez sindicatos das empresas de ônibus no âmbito do Estado do Rio - de quebra de contrato. Nesta sexta 23, estreia do Rock in Rio, os ônibus que fazem esse serviço, que deveriam transportar somente os passageiros que compraram previamente os bilhetes, passaram também a vender passagens na hora, a R$ 20, para o trajeto de ida. Esses passageiros extras 'foram autorizados pela Fetranspor a viajar em pé', conforme relata O Globo Online, o que é proibido nos frescões, de acordo com o regulamento de transportes coletivos da Prefeitura.

Segundo uma passageira denunciou ao jornal, o percurso de algumas linhas foi alterado, com o objetivo de embarcar mais passageiros. Alguns transtornos chegaram a ser registrados nas longas filas de embarque. A Fetranspor, por sua vez, escuda-se no argumento da grande demanda registrada neste primeiro dia de festival, além dos engarrafamentos que impediriam o retorno rápido dos ônibus para mais viagens. A entidade revelou que fará uma reunião na manhã deste sábado, para estudar uma solução para o problema.

O publicitário Carlos Mayrink é mais um dos passageiros indignados com esse desrespeito ao usuário. Além de relatar o fato pelo chat do portal da Fetranspor e escrever ao jornal O Globo a respeito, ele está ampliando sua denúncia através das redes sociais. E conclama outros usuários a 'botar a boca no trombone', engrossando o rol de reclamações.

Os dias de ontem - quinta 22, 'Dia Mundial sem Carro' - e hoje, primeiro do Rock in Rio, são emblemáticos para nos lembrar de que esta é uma cidade sem transporte coletivo decente. O metrô é incipiente em sua área de abrangência; e o trem, embora geograficamente bem disperso sobre a malha urbana, não atende satisfatoriamente. Resta a 'solução' em que se vem teimando há décadas, mas que não mereceu, no Rio, a evolução alcançada no mundo inteiro: o ônibus. Continuam a ser obsoletos, desconfortáveis e inadequados, prestando um péssimo serviço à população e parecendo cumprir apenas o papel de enricar operadores argentários e agentes públicos desonestos.

O usuário do sistema de transporte público por ônibus do Rio de Janeiro deixou de ser 'passageiro' para ganhar outra denominação, em virtude da dependência do serviço e do tratamento que recebe das empresas: refém.

Enquanto isso, a interdição de vias públicas - avenidas Embaixador Abelardo Bueno e Salvador Allende - em prol da realização de um evento privado, pago, sem benefício direto para quem é atingido pelas restrições de acesso, demonstra o despreparo do Poder Público e faz o cidadão temer pela sua liberdade de ir e vir. Por que não planejar um esquema decente de circulação nesses locais, incluindo engenharia de tráfego e transporte público (coletivos e táxis) e reforçando dignamente a fiscalização de trânsito, em vez de simplesmente fechar as portas das casas de quem nada tem com o festival?

Para a Copa e os Jogos Olímpicos, nos resta, assim, ir de BRS e de BRT, o velho sistema que os marqueteiros do Transporte vêm maquiando para vender como ideia nova.

Eles vendem. O pior é que a gente compra.


Boas Noites!

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ConCidadão
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