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sexta-feira, 7 de maio de 2021

O artista, a escola e a favela: semana tensa

Aconteça o que acontecer, hoje é sexta-feira! A frase, um bordão usado pelo repórter aéreo Genilson Araújo que, há anos, dá boletins de trânsito a bordo de um helicóptero, no Rio de Janeiro, faz-se especialmente indicada nesta semana atribulada que vivemos.

A notícia da terça-feira foi a perda do ator Paulo Gustavo, que tocou a nós pela violência da doença criada da China que vem semeando medo e morte em todo o planeta. Havia mais de um mês que acompanhávamos os boletins médicos que davam conta da progressiva degeneração de sua saúde. Sentimo-nos atingidos, pela falta que a sua presença vívida, quase familiar, já começou a fazer.

Mas a cena triste de 4 de maio não se restringiu a ele: no mesmo dia, mais cedo, um criminoso invadiu uma escola e matou cinco pessoas, dentre as quais três crianças, no oeste catarinense. A violência do ato da cidade de Saudades foi desprestigiada pela mídia, que preferiu dar atenção ao que acontecia num hospital de Copacabana, na cidade grande. Faço a minha mea culpa também, já que somente agora estou escrevendo a respeito.

É tão estranho quanto triste. É como se a violência urbana passasse despercebida, cruel e indevidamente incorporada ao cotidiano. Em 7 de abril de 2011, o Rio de Janeiro chocou-se com uma situação idêntica à da pequena cidade de Santa Catarina, quando um ensandecido matou doze pessoas e, logo depois, cometeu suicídio, numa escola pública de Realengo, bairro da Zona Oeste carioca. Claro que precisamos superar o trauma e seguir adiante, mas não se pode perder a capacidade de se emocionar com esses episódios, na justa proporção que eles demandam.

Aí, cabe a pergunta: será que uma pessoa qualificada técnica e psicologicamente, com autocontrole e treinada, que detivesse uma arma de fogo naquelas circunstâncias, não poderia ter evitado esses homicídios? Ou, indo mais adiante no argumento: se a posse de arma fosse permitida, será que o benefício da dúvida não teria dissuadido os homicidas a cometerem os crimes, justamente por temerem ser mortos por alguém armado, ao investirem contra os inocentes? Caramba, é preciso estancar o mimimi dos pacifistas com escolta, a galerinha do 'eu me armo de livros' e cair na realidade, enxergando a arma como um instrumento de defesa, não de ataque. Porque é bem provável que nem a mais pesada das enciclopédias atirada inteira sobre esses bandidos os fizesse parar.

O problema que o Brasil vive hoje não são as armas que poderiam vir a ser vendidas ao cidadão capacitado para tal, sob o controle da autoridade competente - em estrito respeito ao referendo de 2005. O que nos aflige a todos é a profusão de armas ilegais, roubadas e contrabandeadas, em sua maioria de grande poder de fogo, nas mãos da criminalidade. Essa é a verdadeira tragédia!

Veja-se o caso do terceiro evento grave da semana: a incursão policial na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira. O tráfico come mais solto do que nunca e os crimes campeiam livremente, desde que o 'iluministro' Edson Fachin, do STF, determinou (sim, eles determinam!) que a Polícia estava proibida de manter a Lei e a ordem, de modo específico, naquela terra de ninguém. Um Policial civil perdeu a vida, coisa que a sociedade lamenta profundamente, e mais de vinte marginais (tratados pelo eufemismo de 'suspeitos' pela mídia) foram eliminados, numa operação autorizada pelo Ministério Público - única exceção à norma ditada, admitida por nossas excelências excelentíssimas para se penetrar o território do tráfico. A investida rendeu, ainda, a apreensão de um arsenal assustador, que os traficantes tinham à sua disposição.

O detalhe interessante é que a Polícia encontrou documentação do MP sobre a realização da operação com os bandidos mortos, o que significa que houve conhecimento prévio da ação por parte dos criminosos, com a provável colaboração, mediante conivência, de alguém pertencente aos quadros do Ministério Público. Isso é inaceitável e gravíssimo! Cabe uma investigação rigorosa e uma punição não menos a quem tenha contribuído para isso, expondo a risco as vidas de Policiais e moradores.

Enfim, só nos resta rezar pelas almas dos que se foram (se quisermos nos ater apenas às Professoras, às crianças, ao ator Paulo Gustavo e ao Policial André Frias, acho que Papai do Céu não vai se importar) e torcer para um fim de semana tranquilo e dias vindouros mais calmos, que nos permitam tocar a vida de modo decente.

Apesar de tudo, Bom Dia!

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